((( Quem mexeu no meu iPod?)))
Quem Mexeu no Meu iPod?






25.3.15

Favoritos 2014 | Filmes

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Em ordem alfabética.


20.000 Dias na Terra (20,000 Days on Earth, Iain Forsyth e Jane Pollard)
Este documentário (podemos chama-lo de documentário?) sobre o 20.000º dia da vida do cantor e compositor Nick Cave, esconde ao mesmo tempo em que revela seu personagem, que se disfarça de ficção. E sua genialidade está nesta forma inovadora de contar história – entre memórias, entrevistas com amigos e psicanalista, sua família, seus colegas de músicas. Abrange o mistério que é Nick Cave, ao mesmo tempo em que o protege – um retrato sobre um artista e um homem de meia idade.


Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive, Jim Jarmusch)
Filmado de forma paciente, sem pressa e com muito estilo por Jim Jarmusch, este não é apenas um filme de vampiro. O horror sobrenatural, a mitologia romântica e o amor eterno passam naturalmente durante o filme. No entanto, o filme tem um espírito romântico grosseiro que emerge da escuridão de qualquer maneira, amarrado a uma relação central que é tão familiar e de longa duração que pouco precisa ser articulado. Se você entrar no clima de Jarmusch, com seus pensamentos filosóficos, é recompensado com um belo filme sobre superar a mortalidade mesmo quando a motivação para isso desaparecer. Quando o amor é eterno, a paixão se esvai em uma força vital mais permanente e sustentável. Tilda Swinton e trilha sonora são dois destaques a parte.


Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance, Alejandro González Iñarritu)
Com o excelente cinematógrafo Emmanuel Lubezki (A Árvore da Vida), Iñarritu filma virtualmente todo o filme como se fosse uma cena longa e contínua de forma genial e com atores que dão conta desta função (Michael Keaton, perfeito e Emma Stone, surpreendente). O sucesso está em carregar toda a tensão durante as duas horas, colocando o espectador numa panela de pressão que é o personagem Birdman, somando com a trilha sonora perseguidora e inesquecível do filme. Esta parábola sobre fama e ambição me deixou com suspeita sobre o seu conteúdo e o que ele significa, Iñarritu, assim como seu Birdman, é um ególatra – sobre o que o cineasta quer que acreditemos. O melhor dos visuais, atores fodas, cenas mirabolantes e perfeitas - mas de conteúdo, só vale a pena se lembrarmos de que é tudo faz de conta. Se acreditar...


Blue Ruin (Blue Ruin, Jeremy Saulnier)
O novato diretor se inspira nos irmãos Coen e em Tarantino, mas conta de forma polida e econômica uma simples trama de vingança com a velha moral de que violência gera violência. O melhor está na surpresa em conhecer a razão de seu protagonista e os desdobramentos deste thriller violento e sangrento com bons momentos de humor negro sobre crimes passionais, realizados por seres humanos falhos, mas tragicamente relacionáveis, enquanto não há a possibilidade de estancar o fluxo de sangue.


Boyhood (Richard Linklater)
Como uma fotografia que vai se revelando num quarto escuro, esta obra prima de Richard Linklater tem seu mérito carregado no processo de produção do filme, que levou 12 anos para ser feito ao contar as experiências de um garoto dos seis anos de idade até a fase adulta. A experiência aqui é entregue tanto para quem está vendo o protagonista passar por fases da vida não tão universais, mas específicas para ele, tanto para o diretor Richard Linklater que montou e remontou o filme por meio de suas próprias experiências. São nestas singularidades e nessa ambição que está o mérito deste distinto filme.


Calvary (John Michael McDonagh)
Um padre irlandês é ameaçado de morte com hora e local durante uma confissão. Assim começa Calvary, ancorado pela sensacional atuação de Brendan Gleeson no papel principal e pelos ótimos personagens desta mistura de história de detetive com um humor seco, tipicamente irlandês, que ao questionar a fé com metáforas bíblicas consegue passar uma história mais espiritual e emocional do que as últimas adaptações inspiradas no "livro sagrado".


Cássia (Paulo Henrique Fontenelle)
No meio de várias adaptações e biografias de músicos brasileiros, o que mais se destaca é este documentário simples, sincero e emocionante de uma das vozes mais marcantes da música, Cássia Eller. Entre entrevistas de amigos e parceiras, a cantora vai sendo construída e descontruída na sua frente numa homenagem à sua altura. Impossível não se emocionar.


Ernest & Celestine (Benjamin Renner, Stéphane Aubier, Vincent Patar)
Apesar da mensagem batida de aceitar os outros e seguir seus sonhos, esta bela animação feita em parceria entre a França e Bélgica, realizada com esmero artesanal e cheia de detalhes é algo especial. Sua animação de linhas simples parecida com aquarela, lembram storyboards dos filmes de Miyazaki, e assim como seus desenhos, Ernest & Celetisne tem autenticidades e emoções que não são forçadas, equilibrando a raiva descontrolada de Ernest com a melancolia cativante infantil de Celestine. Destaque também para a sequência surreal do pesadelo e seu final intenso.


Finding Vivian Maier (Charlie Siskel e John Maloof)
O mistério de Vivian Maier começa com a compra de uma caixa recheada de negativos a partir de uma audição pública num leilão de depósitos abandonados. John Maloof, o colecionador dono do lote, começou a digitalizar os negativos e se deparou com uma grande coleção de fotografias de rua de imenso talento. Durante sua vida, a babá Vivian Maier colecionou milhares de negativos e filmes sem revelar de fotografias urbanas, focadas em crianças, minorias e personagens negligenciados e oprimidos do mundo inteiro, em especial de Chicago. Quem foi essa mulher tão estranha e reclusa? A resposta se encontra neste quebra-cabeça documental reunido de forma intrigante e fascinante.


Foxcatcher (Bennett Miller)
Com ritmo lento e paciente, este drama de tragédia anunciada baseada na história real do milionário freak e excêntrico John du Pont (Steve Carell, numa das atuações do ano) que patrocina o campeão olímpico de Wrestling Mark Schultz (Channing Tatum) e seu irmão Dave Schultz (Mark Ruffalo) tem um clima hipnótico e sombrio, com cenas frias e desconcertantes (muitas vezes assustadoras) onde o crime é tratado como uma reflexão tardia. Dirigido de forma precisa e cuidadosa, onde nenhum detalhe é irrelevante para construir tão bem o clímax do filme.


Frank (Lenny Abrahamson)
Engraçado, esquisitinho e tocante. Uma fábula de angústia e aspiração artística que medita sobre a fama e seus terrores, escondidos de forma metafórica no uso da máscara gigante que o protagonista Michael Fassbender usa e consegue exprimir verdadeiros sentimentos por trás dela e através de sua linguagem corporal. Certas músicas não são para todos, algumas pessoas estão quebradas demais para serem consertadas e alguns aspirantes a artistas estão em melhor situação de plateia.


God Help the Girl (Stuart Murdoch)
O que antes você só conseguia imaginar por meio das músicas do diretor e líder do grupo Belle and Sebastian, Stuart Murdoch, agora é possível ver e se deliciar neste divertido romance musical feito em cima do disco de mesmo nome lançado em 2010. Charmoso e em estilo de vídeo clipe, é fantasioso em muitos momentos – o que não é uma coisa ruim, ainda mais acompanhado com a trilha do grupo britânico.


Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, James Gunn)
O blockbuster do ano é também o filme mais legal. Engraçado e com uma produção de design extremamente bem feita, esta aventura espacial que mistura elementos de ficção científica B recheados de referências de cultura pop é mais uma vitória da Marvel nos cinemas. Junte isso com ótimos personagens (Chris Pratt impagável), trilha sonora certeira com efeitos visuais vertiginosos que saltam para fora da tela. Que venha uma próxima aventura destes heróis alucinados.


Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro)
Esta história é contada com tanta ternura, inteligência e honestidade, que tal como o assunto, primeiros beijos e melhores amigos, são difíceis de esquecer.


Ida (Pawel Pawlikowski)
Pause qualquer cena deste filme e você terá uma fotografia de tirar o fôlego. Esta obra-prima tem a sucinta finalidade de um acerto de contas. Um acerto de contas em que a raiva e o luto se misturam. Para uma jovem freira que nada sabe de si mesma e do mundo exterior, esta viagem através do passado é uma experiência de abrir os olhos. Imperdível.


Interestelar (Interstellar, Christopher Nollan)
Este épico espacial é notável. Christopher Nolan preenche a tela com imagens extraordinárias (tanto as terrestres, quanto as do espaço) – este é seu filme mais bonito. Um conto homérico, onde que por mais longe que podemos ir no cosmos, a nossa humanidade, nossa natureza de sobrevivência, necessidades e fraquezas, vão sempre viajar conosco.


Leviatã (Leviathan, Andrei Zvyagintsev)
Com uma fotografia linda e atores excelentes, o filme injeta diversos climaxes durante sua projeção ao invés de entregar tudo no final. Uma história brutal, carnívora e cheia de desilusão, que quebra todos os espíritos, um retrato corajoso e solitário sobre se rebelar contra o sistema, profundamente pessimista sobre a possibilidade dele nunca trabalhar em favor do povo. Poderia fácil se passar aqui no Brasil – mas ele é visto sob os olhos do governo Putin.


Life Itself (Steve James)
Baseado nas memórias do crítico de cinema Roger Ebert de mesmo nome, o diretor Steve James teve todo o apoio e o incentivo de Roger para documentar seus últimos dias de vida – um dos pontos mais fortes e emocionantes do documentário, que também serve como epitáfio.


Mapa para as Estrelas (Map to the Stars, David Cronenberg)
Esse é um filme assombrado por fantasmas, assim como Hollywood é assombrada pelo seu passado. E aqui, Cronenberg está mais brutal, numa crítica mais feroz ao showbusiness que Birdman, gradativamente ele fecha seu baú de humor negro e escancara toda a feiura destas vidas vazias e superficiais.


Ninfomaníaca Vol. I e Vol. II (Nymphomaniac Vol. I and II, Lars von Trier)
Lars von Trier é um jogador, um homem de marketing que só faz filmes para ele mesmo. Aqui ele anunciou um filme pornográfico. Mas o que se tem de mais explícito nos dois volumes de Ninfomaníaca são as metáforas espalhadas e analisadas durante o filme. Você pode assistir ao filme por 4 horas, mas conversaria sobre ele durante 14 horas. Joe (Charlotte Gainsbourg, magnífica) é uma personagem, assim como quase todos do diretor, em busca de um preenchimento à sua solidão, enquanto conta a sua história e divide sua solidão com seu ouvinte Seligman, outro solitário que vê as histórias de Joe por outros ângulos. E no melhor dos ângulos, o filme não se esforça em ter significados, mas sim, trata toda sua intelectualização como uma brincadeira que pode ser levada a sério, mas não precisa – assim como Lars von Trier.


O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, Wes Anderson)
Wes Anderson é um dos diretores mais detalhistas, perfeccionistas e estilosos da última geração e a cada novo filme ele se supera em levar seus espectadores para os maravilhosos lugares que ele cria. E Hotel Budapeste é esteticamente perfeito, além de ter uma história que viaja através do tempo, sem se perder nunca. Um filme-cupcake exuberante, sem ser enjoativo.


O Jogo da Imitação (The Imitation Game, Morten Tyldum)
Este drama de suspense se revela em pedaços de quebra-cabeça, de forma constante e lentamente, assim como seu protagonista. Uma história de triunfos e preconceitos que ressoa até os tempos de hoje sobre um homem que mudou o mundo e de como este mundo destruiu esse homem.


Praia do Futuro (Karim Ainouz)
Com uma fotografia linda, o diretor conta uma história sobre deslocamento, identidade, amor e seus custos – principalmente em como ela é contada, de forma contida onde o espectador é atraído para a criação de um significado.


Relatos Selvagens (Relatos Salvajes, Damián Szifron)
Pequenos contos que surgem da genuína fúria vinda de um mundo arruinado. Tem um âmbito raro que consegue ser ridiculamente engraçado e profundamente trágico ao mesmo tempo. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, o filme sugere. Mas enquanto esses malditos merecerem a vingança, talvez valha o sacrifício.


Snowpiercer (Joon-ho Bong)
Politicamente provocativo e visualmente espetacular, Snowpiercer é o melhor filme de ação de 2014, projetando os problemas de hoje numa ficção científica que se passa no futuro. Com sua narrativa estilo vídeo-game, liga a história dos personagens que continua mudando a todo o tempo. E só pela Tilda Swinton já vale o play.


Sob a Pele (Under the Skin, Jonathan Glazer)
Um experimento cinematográfico de ficção científica (com a ótima atuação da Scarlet Johanson) sobre como é ser humano pelos olhos de uma alienígena. Inebriante, estranho e sublime combina ideias sci-fi com efeitos visuais incomuns e uma atmosfera afiada de horror.


Uma Aventura LEGO (The LEGO Movie, Christopher Miller e Phil Lord)
O visual é espetacular e a tecnologia 3D é usada de forma inteligente e artística, e é tão engraçado e divertido que é difícil pegar todas as piadas que são disparadas rapidamente.


Whiplash (Damien Chazelle)
Eletrizante, é o filme musical mais sangrento que já vi. Oscila entre a tensão e a ameaça de violência e estoura em momentos viscerais poderosos que te atinge como um gancho de direita quando o personagem de J.K. Simmons (inesquecível) manda a banda tocar.

9.3.15

Special Shuffle 07 Fake Plastic Shuffle

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No último oito de março, o disco “The Bends” da banda britânica Radiohead completou 20 anos de lançamento. Segue esta mixtape especial com algumas das principais influências deste grupo que na época de 1995 já começava a mudar a música. Nesta primeira parte do especial, referências musicais que ajudaram a construir Radiohead nos primeiros anos com os primeiros demos e lados B de 1990 e os álbuns “Pablo Honey” (1993) e “The Bends” (1995), além de grupos e estilos que iriam voltam na discografia mais recente da banda. “The Bends” foi a ponte necessária entre as convenções pop do grupo e seu eventual papel como a mais audaz e influente banda desde Nirvana. Numa época de invasão grunge na terra da Rainha e da ascensão do britpop pelo mundo, o Radiohead conseguiu manter-se verdadeiros com seu espírito criativo incansável.

“Creep”, primeiro sucesso do grupo teve sua melodia inspirada (ou plagiada, chame como quiser) na música “The Air That I Breath”, do The Hollies. Não foi só o nome que o grupo de Oxford tirou dos Talking Heads, a visão e os experimentos de David Byrne e Brian Eno em relação a música estão presentes até hoje nos integrantes do Radiohead. O lado pop do primeiro disco teve ouvidos nos lançamentos americanos do R.E.M., enquanto as guitarras e vocais fortes dos Pixies e do Sonic Youth chegaram ao som do grupo britânico. O krautrock também tem forte presença na construção da música do grupo, assim como influenciou David Bowie na sua Trilogia de Berlim. As letras emocionais e confessionais vieram de seus conterrâneos Joy Division e The Smiths, misturando com melodias calmas e passivas como as de Tim Buckley e Nick Drake.


Baixe aqui (salvar arquivo como...)

01 The Hollies - The Air That I Breath
02 R.E.M. - Radio Free Europe
03 Talking Heads - Radio Head
04 Japan - Quiet Life
05 Can - Vitamin C
06 Joy Division - Shadowplay
07 The Smiths - How Soon Is Now
08 Magazine - The Light Pours Out of Me
09 Neu! - Hallogallo
10 Sonic Youth - Teenage Riot
11 Pixies - Where is My Mind
12 The Fall - C.R.E.E.P. (Peel Session)
13 Elvis Costello & The Attractions - I Hope You’re Happy
14 Swell - This is How It Starts
15 David Bowie - Always Crashing in the Same Car
16 Syd Barrett - Octopus
17 Suede - Sleeping Pill
18 Nick Drake - Day is Done
19 Tim Buckley - Sing a Song For Your
20 Jeff Buckley - Grace